- Safra nova de político em Itabira, Bernardo Mucida vem ganhando espaço na cidade do ferro da Vale (já foi de Itabira), de CDA e do Cometa (que anda atacado pela síndrome drummondiana). Aqui, em texto publicado no blog Filhos do Cauê, ele mostra o conformismo itabirano, desde o eterno cartel dos postos de combustíveis, que cobram há décadas os mesmos valores e o Ministério Público nunca pune ninguém e todo mundo se cala, só reclama à boca pequena, até os desmandos da administração municipal, como o aumento de mais de 30% na água e o desmatamento da Mata do Intelecto - Seo Intelecto, cadê você?, porque a mídia itabirana quase toda se cala a troco de quase nada. E o povo apenas lamenta. Leiam a análise de Mucida.
Originalmente em: Filhos do Cauê
A gente se acostuma a ir ao posto de gasolina e abastecer o carro em qualquer posto da cidade, porque sabe que todos os postos praticam o mesmo preço e os aumentam juntos e ao mesmo tempo.
E se acostuma a ver os preços unificados, porque não existe concorrência. Mas a gente não diz nada, e sorri ao frentista porque ele é amigo e ninguém quer mesmo saber se há algo errado com os preços unificados.
A gente descobre que a água vai aumentar mais de 33%, mas prefere reclamar do aumento da água sem reduzir o tempo do banho, e pagar mais caro pela água que a gente consome, mesmo sabendo que a água é mais cara porque ela é usada para poder vender nosso minério.
Mas a gente aceita vender nossa água junto com nosso minério.
A gente pensa que vale a pena pagar mais caro pela água para vender muito minério porque emprega muita gente e arrecada muito imposto. E sempre tem um amigo empregado no negócio do minério.
E todo mundo quer viver numa cidade rica. Então, não dizemos nada.
A gente se acostuma a viver numa cidade muita rica sem ver o benefício dessa riqueza. A gente vê casas sem água potável e esgoto, ruas sem asfalto. Mas pensa que um dia as coisas vão melhorar quando mudarem as pessoas que tomam as decisões.
Então, não dizemos nada, porque em breve tudo pode mudar.
Pagamos mais caro pela nossa água para sermos mais ricos, mas não temos acesso a nossa riqueza; e ainda assim, nós não dizemos nada.
Então, porque não dizemos nada, eles derrubam a mata no centro da cidade e vendem lotes para as pessoas que os compram.
Porque é preciso ter mais dinheiro para a cidade ser mais rica, porque ainda é pouco o dinheiro arrecadado com a venda dos lotes, da água e do minério. Por isso, aumentam-se as taxas e os impostos.
Até um dia em que você nota que paga mais caro pela água e pela gasolina, pelas taxas e pelos impostos, mas que não recebe nada em troca.
Mas por estar tão acostumado a permanecer calado, já não é capaz mais de falar...